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Sobre a escolha por Psicologia


Quando iniciei a graduação em Psicologia, deparei-me com a pergunta padrão dos primeiros semestres do curso: o que motivou a sua escolha? E a questão fundante que encontrava para minha escolha era sempre a mesma - o desejo de entender melhor o ser humano, suas reações frente à vida, as formas de comportar-se e posicionar-se diante das situações, experiências e adversidades inerentes a todo ser humano. E obviamente, certa dose de ânsia em obter respostas para questões emocionais de ordem pessoal, o que hoje encaro como uma questão importante para quem escolhe este ofício, desde, é claro, que não se mantenha como motivo principal no decorrer do curso.

E então ocorreu o encontro com diversas abordagens sobre o desenvolvimento e funcionamento da mente e comportamento humano; entre elas, a Psicanálise, que me tocou profundamente. E o amor pela Psicologia foi imediato e intenso! Confirmando o que eu já acreditava: não existe uma única verdade, mas várias verdades, formas diferenciadas de conceber as coisas a nossa volta, o outro e a si mesmo.

Portanto, falar em "certo ou errado" envolve vários fatores, na maioria das vezes incompreensíveis para o sujeito que defende um ou outro posicionamento.

A escolha por Psicologia proporcionou-me dentre tantas coisas positivas, uma que considero valiosíssima, que é o reconhecimento do outro com suas particularidades, de modo que a alteridade já não me causa estranheza, pelo contrário, hoje entendo que é condição necessária para que exista de fato um sujeito.

Além disso, através da Psicologia, descobri que existe uma linha tênue entre o normal e patológico, saúde mental e doença mental, que exceto nos casos excepcionais - como, por exemplo, quando um indivíduo coloca em risco sua própria vida e/ou à vida de outras pessoas - os requisitos para definir entre um ou outro conceito baseiam-se exclusivamente em padrões instituídos pela sociedade vigente.

Ademais, a Psicologia mostrou-me que somos seres absolutamente dependentes e frágeis, semelhantes em vários aspectos, mas essencialmente diferentes. Cada um com a sua história, que é sempre singular.

Sou grata pela escolha que fiz, não porque tenha encontrado todas as respostas para as perguntas que me intrigavam, uma vez que essas aumentam a cada dia, mas pela possibilidade que a Psicologia (e principalmente a psicanálise) trouxe de ressignificar minha existência, e de me permitir um novo olhar a respeito do ser humano.



Carla Cristina Louro

Psicóloga. Psicanalista

CRP - 20/06114

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